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13/jul/2008

Exposição do Rei em Brasília

Autor(a): Jason Jair Frutuoso

Exposição do Rei Pelé em Brasília

Hoje fui à exposição do Pelé que está montada lá no Conjunto Cultural da República e, não só vibrei como quando o Rei jogava nos estádios do mundo, mas também cheguei a chorar por causa de um misto de emoções: saudades do mais belo futebol do planeta passado por ali (pelos pés daquele gênio), e pela saudade de mim mesmo, de quando ainda pequeno ouvia conversas de adultos sobre o menino de Três Corações.

Lembrei-me do meu avô, que mal sabia o que era futebol. Posso estar enganado por falar que meu avô era ignorante em futebol, mas não vou me enganar ao dizer que ele – o meu avô –, achava como muitos brasileiros que “jogador de bola” era malandro, a quem não podiam confiar a filha para um bom casamento.

Mas o que eu quero é dizer que meu avô, mesmo tendo pouca ou nenhuma noção daquela arte, se emocionava com as jogadas do Rei: ele costumava de vez em quando gritar “viva Pilé”! Isto ocorria com razoável freqüência dentro e fora da casa principal da fazenda. Era assim mesmo sua pronúncia, parecia errado falar Pilé, mas era certíssimo vibrar com as jogadas de Pelé, mesmo quando elas eram apenas ouvidas pelo rádio que falava através da fraca energia elétrica das fazendas do interior ou pelo radinho de pilha, naquela época ainda poucos no nosso meio.

Volto ao meu choro travado: enquanto eu tentava a todo custo segurar a emoção, vi um rapaz de uns quarenta anos mais ou menos deixar pingar um fio de lágrima de seus olhos e então lhe perguntei, até de forma maio atrevida, se ele estava gostando da exposição. Ao que me respondeu: “Peguei muito pouco da história de Pelé, só o suficiente para entender  porque ele ficou tão conhecido e venerado pelo mundo afora. Me emocionei com tudo que aqui vi: da caixa de engraxate com a qual trabalhava quando criança, até as jogadas geniais que passam sem parar naquelas telas ali – apontando para os lances do filme “Pelé Eterno”. Acho que se Pelé tivesse engraxado meus sapatos eu o pediria desculpas pela inversão, pois acho que todos os brasileiros deveriam engraxar os sapatos daquele REI pelo menos uma vez na vida”.

Continuei a visita ao monumental espetáculo e novamente me surpreendi. Desta vez com um garoto de mais ou menos 10 anos que estava parado, boquiaberta, olhando as jogadas do Rei Pelé, ou Pilé como pronunciava meu avô e ali percebi que o Rei jamais morrerá. Há de estar eternamente nas bocas de brasileiros e estrangeiros.

Eu disse ao meu interlocutor: “Os grandes poetas usam a caneta para se eternizarem e Pelé usa a bola para escrever as mais belas poesias que até hoje ocorreram em campos de futebol do mundo inteiro. Na vida de Pelé bola é igual a caneta”.

Encerrei minha visita com um lamento: “Pena que jamais terá outro jogador para ser pelo menos o príncipe de Pelé”.

 
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